terça-feira, 26 de junho de 2012

Provocadores, provocados e a função social da escola.



Provocadores, provocados e a função social da escola.

 Diz o art. 227 da Constituição Federal do Brasil que “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Pois bem, vivemos um período conturbado, cujos valores da sociedade se confundem com a cartilha do capitalismo e as regras da convivência requerem um manejo social cada vez mais difícil de conquistar. Hoje crianças de 7 anos têm como topo de sua “wish-list” tablets, blackberry´s, iphone´s, ou seja, um mundo adulto que se aproxima do universo infantil, acelerando um processo de amadurecimento, consumo e redirecionamento de valores.

O ambiente escolar acaba se tornando o palco de conflitos, em sua maioria trazidos pelas diversidades culturais, sociais, morais, éticas e educacionais. Como conviver em harmonia? Como gerenciar os conflitos, agir preventivamente e cumprir a função educacional?

É certo que a escola deve respeitar a educação e a condução da formação pessoal ministrada pelas famílias, em seus lares, porém seu papel no crescimento e formação do caráter daqueles que são colocados aos seus cuidados também tem peso fundamental, ainda mais quando se observa o tempo que as crianças convivem no universo escolar.

Prevenir conflitos demanda vigilância, quase onipresente, presença constante em todos e quaisquer lugares de concentração de alunos e ainda assim, não há garantia de sua erradicação. Portanto, a forma com a qual se direciona os conflitos é de fundamental importância para se estabelecer uma zona de equilíbrio.

Provocadores e provocados, ambos devem ser observados com critérios e cuidados específicos, caso a caso, a análise deve ter em mente aquilo que nos individualiza, o admoestado deve ser ouvido com empatia, tal qual o admoestador.

Segundo entendimento jurisprudencial, a responsabilidade civil das instituições de ensino se inicia quando os alunos adentram aos portões da escola, portanto tudo aquilo que ocorrer neste ambiente é de responsabilidade do dirigente escolar. Há tribunais, inclusive, que compreendem não haver responsabilidade dos pais, pelos atos de seus filhos, posto que àqueles não têm qualquer liberdade dentro do ambiente escolar, sequer de ultrapassar os portões, deixando à escola todo peso das consequências dos conflitos mal administrados.

A saída da crise passa pelo estabelecimento de regras claras do convívio social, pela parceria família/escola e a flexibilização das punibilidades, de acordo com as situações práticas.

Algumas sugestões:

1 - Muitas vezes o acolhimento do aluno pelo professor e equipe pedagógica tem eficácia superior à aplicação das penas instadas em regimentos internos.

2 – Fortalecer os elos e vínculos entre alunos/professores, geralmente as pessoas buscam não decepcionar àqueles que admiram e respeitam. Até porque o respeito se conquista pela admiração e não pelo medo da punição.

3 – Em caso de necessidade de aplicação do regimento escolar, para conflitos relevantes, levar ao conhecimento prévio dos alunos as regras que lhe cercam, afinal somente com a instrução poderá se prevenir.

4 – Estabelecer punibilidades eficientes que tragam retorno prático, no lugar de suspensões, quando e se o caso, porque não pensar em trabalho social ou ajuda social, fortalecendo os elos da família e criança com a sociedade, analisando sempre o caso concreto e observando o que seria coerente.

5 – Evitar exposições da criança com o grupo.

Enfim, muitas medidas educativas podem trazer efeitos mais eficientes do que a exclusão do aluno com medidas radicais e que contrariam o sentido de educar. As pessoas, e nisto em nada diferem as crianças, respondem melhor a estímulos positivos do que a punições constantes, o estado é punitivo, portanto a sociedade anseia da escola a prática de seu papel social: educar e incluir.

A saída é a união de forças!

Um comentário:

  1. em tempos de pós modernidade, tudo virou competição, há uma crescente no conhecimento humano impulsionada pelo avanço tecnológico, que se replica sempre em maior velocidade... jamais tivemos tanta informação, e ainda irá demorar muito tempo até sabermos o que fazer com isto... por enquanto, regredimos, regras, regimes de exceção, cuida-se do mediano e os demais que cuidem de si... esta desumanidade é algo demasiado humano, com reflexo ainda maior em nossa sociedade com seu largo atraso em relação à civilidade...

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